Editorial – (RE)PENSAR, (RE)FAZER, (RE)INVENTAR
Equilíbrio. Eis uma palavra simples da língua portuguesa, cujo significado todos nós conhecemos na prática, aplicado não apenas aos vários âmbitos da nossa vida cotidiana, mas também ao universo científico: já ouvimos falar em equilíbrio químico, térmico, ambiental, ecológico etc. Muito embora o conceito relacionado ao uso ordinário dessa palavra seja simples e de fácil compreensão, o equilíbrio é o resultado complexo e transitório de forças concorrentes em iminência constantemente do triunfo de uma sobre a outra. E, às vezes, esse triunfo acontece. Se este texto é iniciado por uma reflexão de base semântica é porque a linguagem nos ajuda não só a falar sobre o universo e seus fenômenos, como também a compreendê-los.
Mas o que isso tem a ver com pandemia, educação e tecnologia?
Primeiramente, o conceito — e aqui a linguagem vem ao nosso encontro mais uma vez. Em março de 2020, experimentamos a ausência do equilíbrio, quando um microorganismo modificou a vida humana em escala global. Esse desequilíbrio primeiro, por sua vez, trouxe outros em cascata: superlotação dos sistemas de saúde, escassez ou falta de suprimentos, dificuldades de mobilidade, desafios aos sistemas educacionais. Então, outra palavra passou a ocupar um lugar de destaque: o “como”. Passamos a nos questionar sobre como superar a pandemia de COVID-19, como retomar as atividades econômicas, como recomeçar as aulas. Embora o ser humano não tenha inventado a linguagem, dado que ela é parte da sua natureza, por outro lado, quando desafiado, é capaz de enfrentar problemas e propor soluções, criar e recriar, fazer e refazer, inventar e reinventar, para, finalmente, reencontrar o equilíbrio. E assim o fez.
Há uma pandemia em curso, causada por um vírus? Desenvolvamos uma vacina. Não há máscaras suficientes disponíveis? Costuremos nossas próprias máscaras. As atividades escolares precisam prosseguir? Usemos as tecnologias disponíveis e adaptemos as metodologias.
Sim, a Revista Prosa, em seu primeiro número, trata da pandemia. Mas não só. Ela é um pequeno conjunto de reflexões acerca desse “como”, tantas vezes enunciado, silenciosa ou sonoramente, e um singelo retrato da busca pelo reequilíbrio. Tê-lo-emos encontrado? Talvez e parcialmente. Muito ainda há que se (re)pensar, (re)fazer e (re)inventar. Contudo, as experiências, os erros e os acertos podem nos mostrar as (im)possibilidades e nos ajudar a continuar desenhando caminhos para que os desafios que se apresentam possam ser superados.
Profa. Dra. Cristiane Dall’ Cortivo Lebler
Editoria da Revista Prosa