Revista Prosa
  • Depoimentos

    Publicado em 11/04/2022 às 09:22

    Bastidores da concepção do  Prosa 

    O Prosa tem diversas frentes, produtos e também profissionais que atuaram na sua criação, idealização e realização. Como forma de registrar as memórias e as impressões, compartilhamos neste espaço a contribuição  de cada um dos nossos colaboradores, bem como mostramos como foram desenvolvidos os processos internamente ao projeto.

    Nesta primeira edição, desejamos valorizar nossa equipe, com uma apresentação individual  e com pequenos relatos sobre o que o Prosa significou na trajetória de cada integrante e de como foi esse trabalho inicial. 

    Com a palavra, a equipe…

    Cristiane, professora

    “Integrei o Prosa desde a sua idealização, implementação e concretização, como professora da UFSC e membro do Lantec.  Depois dessa primeira etapa do Projeto, que deu a ele forma e vida, vejo que o que mais me cativou foi o processo em si, de conceber, criar, planejar e, com isso, aprender em conjunto com toda a equipe. Foi quando o ciclo começou a se completar que tive a oportunidade de avaliar o quanto as trocas e o compartilhamento de responsabilidades foram importantes para o enriquecimento dos materiais que produzimos, da pesquisa – necessária a qualquer atividade criativa – e da formação das pessoas. A Revista, particularmente, me trouxe uma grande satisfação, já que, por meio dela, foi possível unir a minha grande paixão, que é o trabalho com a língua, e o tema das tecnologias e sua relação com a educação.”

    Elizandro, professor

    “Participar da concepção do Prosa foi  uma experiência que gerou muitos aprendizados, tanto para a gestão, de forma ampla, quanto para entender os processos criativos que a gente vive nesses grandes projetos, que envolvem vários profissionais, várias áreas.Gostei muito de conhecer e de entender mais das diferentes  perspectivas envolvidas e das metodologias do design… A gente vivendo, pensando, foi muito importante. Fiquei com um gostinho de quero mais. Os nossos produtos são geradores de outros produtos; eles cumprem essa função de levar autonomia para os sujeitos que interagem com eles, e isso não é simples. Foi muito produtivo estar nesta equipe, e eu me sinto honrado de participar desse processo.

     

    Marcelo, biólogo, professor e coordenador Prosa.

    Ouvir todo mundo e trabalhar junto é muito bom. Esse projeto vai gerar produtos com várias saída e formatos, como os vídeos, a revista, os podcasts, entrevistas, e queremos que continue. Estar atento a esses outros saberes que os outros trazem é muito bom, sobretudo estar em contato com outras pessoas, o que me dá muita satisfação. Tomo como produto não só o que a gente fez. Acho que o processo é o produto. Fico muito satisfeito. A gente poderia passar correndo nesse processo, mas acho que construímos pontes para chegar nos produtos. Acho que essa é a característica desse espaço, desse projeto. O nosso produto é a formação. 

     

    Matheus, graduando Cinema UFSC.

    O que mais me pegou, principalmente para me candidatar, foi a questão de que era um projeto novo, do zero, e tinha a proposta de a gente poder criar. Isso era algo que eu estava procurando. No Prosa, foi o que mais me brilhou os olhos, poder criar e poder atuar não só minha área, mas também colaborar em outras, como nas linguagens, em questão de gestão… Acho que tivemos um trabalho bastante intenso, como foi planejado para que depois que a gente saísse tivesse uma continuidade; trabalhamos para que fossem construídas algumas bases firmes para que tivesse essa continuidade. O respeito e a confiança de nos enxergar como especialistas e poder confiar os processos na nossa mão, ter confiança na nossa palavra, foi um diferencial, pois não é todo lugar que a gente tem essas oportunidades.

     

    Carol, graduanda Design UFSC.

    Eu acho que o que eu mais gostei foi essa questão de poder furar a bolha. De poder trabalhar com pessoas que são muito diferentes em termos de formação. Tivemos a chance de experimentar tudo que estávamos produzindo. O regime remoto abriu a possibilidade de fazermos um trabalho mais profundo, de podermos nos debruçar com mais atenção. No design temos muito da entrega intangível. Foi muito gratificante trabalhar com pessoas que entendem o valor desta entrega. O que mais me empolgou foi sentir essa abertura para que a gente aplicasse esses processos do design e sentir essa abertura da equipe para construir algo muito legal, além de contar com o empenho de todo mundo.

     

    Bárbara, jornalista, mestranda UFSC.

    Me encontrei com o Prosa quando o processo estava em andamento. Aquilo com que mais me identifiquei foi poder trabalhar com formatos diferentes de conteúdo e fazer parte de um processo de divulgação científica. Conhecer e compartilhar conhecimento com tantas áreas e mentes distintas foi muito gratificante. O Prosa é um projeto muito acolhedor, com espaço para desenvolver ideias. Estive mais próxima da produção da revista, e espero grandes coisas que serão alcançadas a partir da criação desse espaço.


  • Tempos de pandemia: da polarização tecnofilia versus tecnofobia, a uma abordagem efetivamente crítica das TDIC

    Publicado em 11/04/2022 às 08:53

    Por Marina Bazzo*

    Nessas duas primeiras décadas do século XXI, as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) passaram a estar no centro dos debates e das políticas educacionais. A pandemia da Covid-19 colocou uma lente de aumento na relação das TDIC com a educação, nos mostrou a urgência desta questão e explicitou o quanto os educadores devem estar envolvidos nas decisões que as concernem.

    Pandemia; as TDIC, os professores e suas formações

    A atuação dos professores já vinha sendo fortemente permeada e condicionada pelas TDIC. A pandemia atingiu em cheio esse trabalho. Com a Covid-19, as TDIC representaram “a” possibilidade de continuidade das atividades docentes. Afinal, escolas e universidades precisaram interromper suas atividades presenciais e uma alternativa se impôs: realizar aulas de modo remoto com suporte de plataformas online. Tudo isso ocorreu, sublinhe-se, em um contexto distópico de crise sanitária e de orientações erráticas das políticas públicas.

    Tal quadro evidenciou os enormes desafios de infraestrutura ainda existentes. Para o país, escancarou-se a enorme carência de acesso a estas tecnologias, em especial à internet, por grande parte da população. Quem teve acesso pôde, de alguma forma, continuar na escola, quem não teve, ficou de fora, mais ainda do que já estava. A desigualdade e a pobreza foram escancaradas e aprofundadas na pandemia.

    Dentro das instituições, especialmente nas escolas, ficou explícita a ausência de suporte técnico e de apoio às iniciativas de uso das TDIC no ensino. Num cenário de abandono institucional, os professores foram responsabilizados por toda a gestão tecnológica das salas de aula online e seus recursos.

    Vivenciaram desafios pessoais, inseguranças e a exposição do seu trabalho. Conviveram com julgamentos e com seus próprios preconceitos em relação ao ensino mediado por TDIC. Enfrentaram um aumento da sobrecarga de trabalho gerado pelo planejamento e pelo desenvolvimento de atividades educativas mediadas por estas tecnologias. Experienciaram desafios pedagógicos que vão desde a dificuldade em fazer a transposição dos conteúdos das disciplinas para a mediação com tecnologias (o que é piorado pelo desconhecimento das potencialidades pedagógicas das TDIC para o contexto específico do que se ensina), até a possível incompatibilidade dos tempos e espaços previstos no currículo com as propostas de ensino mediado por TDIC. Esse todo tornou cristalina a ausência das TDIC – como meio e como conhecimento – nos currículos já consolidados dos cursos de graduação, especialmente naqueles de formação de professores e na formação continuada.

    Pandemia; as TDIC e a mercantilização da educação

    Temos apontado as tentativas de entrada de grandes empresas, por meio de pacotes instrucionais digitais fechados, no setor educacional. Da mesma forma, denunciado a expansão violenta da educação como mercadoria, via EAD nas instituições privadas e via sistemas educacionais online. Ainda, os processos mais recentes de “datificação” e “plataformização” da educação. Trata-se da disseminação de práticas de massificação do conhecimento alinhadas com as políticas neoliberais, com pouca ou nenhuma participação dos sujeitos do processo educativo: professores e estudantes. Além disso, observamos que, quando vinda “de cima para baixo”, a entrada das TDIC no chão da escola (ou na sua “nuvem”) acaba sendo efetivada muito mais como um instrumento de gestão do que pedagógico, para controlar o trabalho docente mais do que para ensinar ou aprender.

    O que se constata, no contexto pandêmico, é que há uma feroz intensificação da ofensiva das grandes empresas de tecnologia, principalmente sobre as escolas públicas. Isso ocorre no vácuo deixado pelas instituições de pesquisa brasileiras que poderiam ou deveriam ter ocupado, há décadas, o espaço de discussão e de concepção das tecnologias para – e da – educação. Diante da crise, empresas como a Google oferecem seu “pacote educacional” como “a solução” de tecnologia, para a gestão, para os processos pedagógicos, para a comunicação, para tudo! E, elas dizem: “de graça”. “Basta concordar” com suas políticas de dados. No desespero e na ignorância, contratos são firmados, desconsiderando o exato significado da referida concordância.

    Pandemia; as TDIC, os professores e suas posições

    É revelador o que aconteceu nas universidades e escolas públicas brasileiras em relação à política de TDIC durante a pandemia. Enquanto os professores debatiam se iriam ou não realizar remotamente as atividades de ensino, as “redes” e universidades fechavam contratos com a Google para “solucionar” as suas carências de tecnologias. Em seguida, os mesmos professores se mostravam felizes com as facilidades, com o espaço de armazenamento, com ferramentas mais amigáveis ou que funcionam melhor (o que é bem questionável). Poucos se perguntaram: em troca do que, mesmo? Porque a resposta incomoda: da nossa soberania; da propriedade de nossos dados. Não só pessoais, o que já é bem sério, mas também os estratégicos, se pensarmos que trabalhamos em instituições que produzem conhecimento, ciência, tecnologias…

    Neste debate, nós, educadores, precisamos superar a dicotomia tecnofilia versus tecnofobia. Exceder a polarização entre a visão salvacionista e a rejeição absoluta, pois estamos deixando de fazer a discussão que importa: SE e QUE tecnologias queremos para a educação, para nossa universidade ou para nossa escola?

    Por que? E para que? Nós, educadores, precisamos analisar profundamente as TDIC. Que tecnologias são essas? Quem as produz? Como são feitas e para que? Como são distribuídas e regulamentadas? Qual o interesse das corporações no setor educacional? Que valores educativos elas carregam e difundem? Que visão de sociedade promovem?

    A crise sanitária que vivemos tem nos impulsionado a traçar uma terceira via, mais construtiva, que não demonize nem endeuse as tecnologias. Uma abordagem crítica que reconheça que estes artefatos e processos não são neutros – sim, eles possuem valores e intencionalidades! –, mas que também admita a possibilidade de controle humano acerca de seu desenvolvimento e de seu uso na sociedade atual. Como educadores, repito, nós precisamos (re)pensar, (re)fazer, (re)inventar as tecnologias da e para a educação. E, além disso, (res)significar qual o nosso papel em relação às TDIC e seus processos na sociedade.

    * Marina Bazzo Espíndola é professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) e ao Mestrado Profissional em Rede Nacional em Ensino de Biologia (PROFBIO). Doutora em Educação, Gestão e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010), realizou pós-doutorado em Educação na Universitat de Barcelona (2021-2022). Atuou na coordenação colegiada do LANTEC CED/UFSC de 2011 a 2016. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores, Educação Científica e Tecnológica, Tecnologia Educacional e Educação a Distância. É mãe desde 2013.

     

     


  • Revistas não acadêmicas

    Publicado em 11/04/2022 às 08:45

    Revista Com Ciência – Revista Eletrônica de Jornalismo Científico

    A Revista ComCiência é uma revista digital  do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Desde o início de 2020, a revista tem publicado números cujos conteúdos abordam questões relacionadas à tecnologia e seu uso, seja no trabalho, seja na educação.

    https://www.comciencia.br/


    Revista Pesquisa Fapesp

    A edição 303, de maio de 2021, traz, como matéria de capa, os impactos da pandemia na educação. A edição completa, assim como a referida matéria, estão disponíveis no endereço https://revistapesquisa.fapesp.br/folheie-a-edicao-de-maio-de-2021/


  • Revistas acadêmicas

    Publicado em 11/04/2022 às 08:32

    Revista Signo  – Ensino de língua em tempos de pandemia: aprendizagens e perspectivas

    O periódico dedicou um número a artigos científicos, entrevistas e relatos de experiência com vistas a debater questões relacionadas ao ensino de língua materna e estrangeira durante e pós-pandemia, como forma de compartilhar experiências e enriquecer as possibilidades de trabalho com a língua e seu uso. Destaque especial para a entrevista com o Prof. Dr. Carlos Ceia, da Universidade Nova Lisboa, sobre o uso das TDIC na educação. 

    O número completo pode ser acessado no endereço https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/issue/view/667 . Já a entrevista com o Prof. Ceia encontra-se disponível no endereço https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/article/view/16178/pdf

    “[…] Tenho a certeza de que o futuro passará por aqui: se ensinamos agora de forma diferente do que fazíamos há um ano, ensinaremos de forma muito mais diferente no futuro, porque enriquecemos os nossos métodos de ensino e quem aprende também descobriu novas formas de aprender. Nada se vai perder? Talvez, porque o paradigma digital não está isento de riscos: pode conduzir a um falso sentimento de que a aprendizagem é mais fácil, de que o acesso à informação está garantido, de que não é necessário investir intelectualmente ou especulativamente (no sentido filosófico do termo) naquilo que são as

    respostas que esperam de nós. Se estivermos atentos, se soubermos moderar os usos da tecnologia nas acções, podemos melhorar substancialmente as aprendizagens de todos os níveis. […]”


  • Mídias sociais

    Publicado em 11/04/2022 às 08:20

    Biocolagem UFSC – Instagram

    A página Biocolagem UFSC apresenta a Mostra de colagens criadas na disciplina de Metodologia do Ensino de Ciências e Biologia da UFSC, com proposição e curadoria do Professor Leandro Belinaso. As postagens mesclam arte e questões relacionadas às Ciências Naturais de forma crítica e reflexiva. Para que fique por dentro das novidades segue o link do perfil da página: https://instagram.com/biocolagem_ufsc?igshid=YmMyMTA2M2Y= 


    Fala, Cientista! Podcast – Spotfy

    Aprendizado, exclusões e desafios da educação remota

    O episódio 59 – Os desafios da Divulgação Científica, da série Fala, Cientista! da UFPR, apresenta pessoas com diferentes experiências na Divulgação Científica, para entender as principais dificuldades na hora de levar ciência para as pessoas. Acompanhe todos os conteúdos e aprendizados deste canal através deste link: https://open.spotify.com/episode/3QggI1jw1UZ9Y1Y5a8hieP?si=9nQwawCKR2qS_wZ5fZT_FQ&utm_source=copy-link

    Fique de olho na nossa revista para mais dicas legais!

     


  • Direito à comunicação: em que pé estamos?

    Publicado em 03/09/2021 às 18:42

    Os meios digitais, a princípio mais democráticos, auxiliam o processo de democratização?

    Texto por Barbara Popadiuk e Cristiane Dall Cortivo Lebler

    Talvez você já tenha participado de alguma discussão sobre o direito à comunicação. Mas você sabe o que isso significa realmente? Para que pudéssemos entender as características desse debate, visitamos o artigo “Relatório Macbride: releitura à luz de ameaças ao direito à comunicação nas plataformas digitais, de Lilian Bartira Santos Silva, Carla Azevedo de Aragão e Nelson de Luca Pretto.

    O texto propõe uma reflexão sobre o direito à comunicação e questiona se as novas tecnologias nos aproximam do acesso a esse direito. Anteriormente a essa questão, é importante pensarmos sobre o que compreende o direito à comunicação: ele visa a garantir que todo cidadão possa ter acesso a informação.

    Nesse contexto, a Internet e as redes sociais promovem, a princípio, uma horizontalização de debates, notícias e comunicação em geral, o que certamente influenciaria a promoção do direito à comunicação. No entanto, os autores do artigo questionam essa suposição, já que são as grandes empresas proprietárias de plataformas de rede (como Google Facebook), bem como os conglomerados de mídia, que controlam informações e apresentam o Relatório Macbride como forma de ajudar a entender por que o direito à comunicação é importante para uma sociedade democrática.

    Os autores do artigo relatam que, no Brasil, o direito à comunicação passou a ser reconhecido apenas em 2009, na terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos, e seu princípio basilar é “a regulação da mídia, o acesso e a democratização dos meios, espaços públicos de gestão e produção autônomas, pluralidade cultural e participação democrática” (SILVA, ARAGÃO E PRETTO, 2019, p.104).


    Você conhece o Relatório MacBride? 

    O Relatório foi feito pela UNESCO em 1980, e teve sua construção marcada pelas tensões da Guerra Fria, que dividia o mundo pós-guerra em dois blocos — um capitalista e outro socialista. Fruto de uma comissão composta por representantes de 16 países e de diferentes continentes, o documento defendia que “a comunicação deve pertencer à sociedade civil e não ao Estado ou ao mercado, apontando diretrizes que privilegiam o diálogo, a emancipação de todos os povos e a democracia” (SILVA, ARAGÃO E PRETTO, 2019, p. 101). Outro ponto importante trazido pelo documento é a caracterização da comunicação como um direito humano, individual e coletivo, imprescindível para a construção de uma sociedade democrática.


    Baseando-se no Relatório MacBride, a possibilidade de comunicação é entendida como um direito básico. Isso envolve também outras questões sociais, como diferenças culturais, a distância geográfica entre os lugares, os interesses econômicos e políticos dos países etc. Toda essa bagagem complexifica a questão aqui pautada e aponta para a necessidade de um constante debate sobre o tema.

    Se quisermos comparar com uma situação mais próxima, no Brasil, o direito à comunicação passou a ser reconhecido apenas em 2009, na terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos. Nele, vemos a menção ao direito de ser informado, mas também a necessidade de uma regulação da mídia e do acesso democrático aos meios. Mas por que tal reconhecimento ocorreu apenas em 2009? Os autores do artigo entendem que a existência dos oligopólios comunicacionais no país (como Grupo Globo, Bandeirantes e Folha) dificultam essas discussões, já que o tema pressupõe um enfrentamento à concentração de poder midiático.

    O artigo mencionado no início deste texto transpõe essa questão para o mundo digital. Em um primeiro momento, o âmbito virtual seria o espaço em que a democratização estaria completa — pois seria possível o acesso igualitário a qualquer conteúdo. Entretanto, os autores percebem que as redes são compostas por complexos sistemas, algoritmos que influenciam aquilo que recebemos como conteúdo.  Para os autores, o uso do digital no dia a dia gera uma falsa impressão de que, atualmente, podemos ter acesso ao que desejamos sem influência dos próprios meios. Entretanto, a pesquisa indica interferências dos algoritmos na forma como nos relacionamos com o conteúdo, o que exemplifica-se com a existência de bolhas (ver glossário).

    O texto que destacamos nesta edição nos instiga a refletirmos sobre a nossa relação com os meios e a nos questionarmos sobre a efetiva liberdade de acesso, considerando que somos influenciados em opiniões, consumos etc. e também na forma com que nos relacionamos com outras pessoas nos ambientes da internet. Nesse sentido, para pensarmos uma efetiva democratização informacional, não basta que os sujeitos tenham acesso à informação e liberdade de opinião e de expressão — isso os caracteriza meramente como receptores e criadores de conteúdo.

    Para o usufruto pleno do direito ora debatido, é crucial que sejam elucidadas e reformuladas as condições de aplicação dos algoritmos e que as pesquisas e debates se façam permanentes, no sentido de viabilizar uma distribuição mais diversa das plataformas — diferentemente do que ocorre com os monopólios de empresas detentoras das redes atuais.

    Não se pode perder de vista, portanto, que, apesar da hipotética horizontalização das narrativas informacionais, os meios pelos quais elas são difundidas estão revestidos de imposições advindas de determinantes mercadológicas, e que tais imposições, comumente despercebidas, permeiam nossas interações sociais, via plataformas, algoritmos e dataficação (ver glossário).

    Com esta reflexão, percebemos, ainda, a importância de regulamentação dos meios para a democratização aqui debatida. Trata-se da necessidade de auxiliar a efetiva horizontalização da internet, visando a um caráter mais igualitário dos acessos e a uma menor concentração de poder midiático.

    Glossário

    Direito à comunicação – Entende-se como direito à comunicação entre indivíduos, encontros, debates, informar e ser informado.

    Democratização da comunicação – O termo se complementa com o direito à comunicação. Determina que o acesso à comunicação seja democrático, ou seja, que possibilite o alcance da comunicação a todos, de forma igualitária. Define tanto o acesso quanto a produção da comunicação, em que grandes veículos devem equiparar-se a mídias alternativas no que tange à facilidade de acesso. 

    Oligopólios/conglomerados de mídia – Define a concentração de meios de mídia (em qualquer formato) assumidos por uma família, pequeno grupo de pessoas ou por pequeno número de empresas.

    Bolhas – Termo utilizado para se referir a filtros que os algoritmos selecionam para as relações nas redes sociais, de acordo com os gostos de seus usuários. Forma comunidades de um único pensamento.

    Dataficação – Termo proposto por Mayer-Schoenberger e Cukier no ano de 2013. Designa o processo pelo qual diversas ações são rastreadas, quantificadas e transformadas em dados sistematizados, que poderão ser utilizados para múltiplos fins.


    O tema te interessou? Quer ler mais sobre? Confere essas dicas que escolhemos para você:

    VídeoDireito à Comunicação| Lei.A

    Podcast: Direito à comunicação em tempos de pandemia (Podcast do canal no Spotify “Levante sua voz”)

    TextoCaminhos para efetivar o direito humano à comunicaçãoLe Monde Diplomatique


    Referência do artigo que embasou esta matéria: 

    SANTOS SILVA, L. B.; AZEVEDO DE ARAGÃO, C.; DE LUCA PRETTO, N. Relatório Macbride: Releitura à luz de ameaças ao direito à comunicação nas plataformas digitais.: MacBride report: re-reading in light of threats to the right to communication on digital platforms. Ámbitos. Revista Internacional de Comunicación, [S. l.], n. 51, p. 98–115, 2021. DOI: 10.12795/Ambitos.2021.i51.07.

    Sobre os autores do artigo:

    Lilian – É jornalista, pesquisadora e educadora. Atualmente, doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Sua atuação na pesquisa relaciona a mídia com os processos educacionais.

    Carla – Comunicadora e pesquisadora. Hoje é doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, pelo Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social da UFBA (2011). Tem interesse na área de educação, jornalismo e direitos humanos. 

    Nelson – Físico, professor e pesquisador. É professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Fez mestrado em Educação na UFBA e concluiu o doutorado em Comunicação na USP. Tem pesquisas nas áreas de educação e comunicação, cibercultura e internet. 

     

     

     


  • A gestão na pandemia

    Publicado em 27/08/2021 às 19:31

    Em um cargo de gestão, diversas responsabilidades de caráter decisório precisam ser assumidas. Como isso se sucedeu em um momento tão atípico como a pandemia e em um espaço público como o da universidade?

    Convidamos o professor doutor Antonio Alberto Brunetta, diretor do Centro de Ciências da Educação (CED) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde 2017 — com mandato até setembro deste ano —, a compartilhar suas experiências no cargo e as peculiaridades do trabalho remoto na UFSC. Além de ocupar atualmente esse cargo de gestão, Brunetta também é professor adjunto no Departamento de Metodologia de Ensino do CED, onde atua nas disciplinas de Metodologia de Ensino e de Estágio Supervisionado em Ciências Sociais.

    A versão completa dessa entrevista pode ser ouvida e vista em nossa plataforma de vídeo e podcast.

    Entrevista por Marcelo Borges*
    Edição Barbara Popadiuk

    Qual tarefa de enfrentamento da pandemia ficou a cargo dos gestores de ensino superior?

    O cenário geral é de uma sobrecarga de atividades, já que tivemos de lidar de maneira nova com problemas antigos. Justamente essa forma de lidar com problemas velhos já é um desgaste a mais, sem contar os problemas que foram acrescidos pela pandemia. Entre as tarefas do gestor, no que tange a esses problemas antigos, todos eles permaneceram. Afinal de contas, e isso é um fato, a universidade não parou: livros foram publicados, artigos foram produzidos, pesquisas continuaram, reuniões aconteceram, as atividades administrativas e burocráticas, as compras foram feitas, tudo isso continuou sendo feito e foi tarefa do gestor zelar pela continuidade daquilo que já se fazia.

    Com relação ao novo, a universidade precisou repensar toda sua organização e precisou repensar todo o seu modo de existir, desde a realização de reuniões online, desde a frequência ao espaço físico, o direcionamento de suas pesquisas para o atendimento de temáticas relacionadas à pandemia. Porque a universidade também tem essa característica, ela se envolve diretamente com todos os problemas sociais, políticos, econômicos e de saúde pública. Desde preparar seus laboratórios para produzir faceshields, ou para produzir álcool em gel, até pra pensar a radicalização da exclusão social sobre grupos vulneráveis nesse contexto.

    Você se viu em algum momento tendo que mediar, encaminhar coisas que você não fazia antes?

    A gente foi se desenhando na pandemia. Então, passadas algumas semanas, a gente se deu conta de que não podia ficar parado. Objetivamente, o que parou [inicialmente] foi o ensino, e as outras atividades prosseguiram. A gente teve que lançar mão de algumas iniciativas a fim de organizar as relações dentro da universidade para que as coisas pudessem funcionar a distância, como, por exemplo, disponibilizar equipamentos, licitar pacotes de internet, ou prover em forma de edital apoio financeiro para que os estudantes tivessem isso.

    Tivemos que cuidar de rotinas sobre limpeza, por exemplo. Passado quase um mês [do início da pandemia] é que a gente se deu conta de que os espaços precisavam de faxina. Mas não foram só essas as aflições, percebemos que os impactos econômicos da pandemia sobre os estudantes produziram uma série de fragilidades emocionais. Além de algumas dificuldades financeiras, objetivamente foi preciso uma mobilização da comunidade.

    Eu preciso deixar claro que, por vezes, um bom gestor é aquele que não atrapalha e que está disposto a ajudar.

    Porque a gente ocupa uma função às vezes tão burocrática que não acompanhamos as demandas no interior dos cursos, dos departamentos, a gente segue uma realidade com muitos professores e estudantes e a gente não alcança o todo. Para a minha rotina pessoalmente, eu que me entendo como esse gestor que tem abertura e contato com todo mundo, senti minha rotina bastante sobrecarregada. Coisas que são aparentemente simples são profundamente complicadas, e como a gente está lidando com a coisa pública, tem que se ter um grande cuidado com elas.

    Então, essas novas rotinas nos consumiram. Evidentemente que talvez o maior desgaste de todos tenha sido a aprovação da resolução 140, em que eu atuei como presidente da comissão que deu o parecer no Conselho Universitário para regulamentar as atividades de ensino remoto. Porque são muitos aspectos, é muito detalhado e diverso esse cenário de ensino, o que você faz com provas, com notas, com bancas, processos seletivos, como vai ficar a frequência, quem viajou e está morando em outro estado…

    Você não acha que ser gestor numa instituição como a universidade pública, comparada com outros espaços, deu a você uma certa tranquilidade nas tomadas de decisão ao longo de 2020? Isso lhe deu mais ou menos segurança ?

    Acho que estar em uma instituição pública de ensino, e na carreira como servidor público, dá o primeiro passo em termos de segurança. Diferente de outras instituições que vivenciaram demissões em massa, a gente teve o nosso trabalho garantido. Tivemos condições de planejar com calma, sem ter o nosso emprego ameaçado, e fazer valer um processo educacional, que, avaliado em termos numéricos, foi muito positivo. 

    Nós ampliamos a possibilidade de alunos frequentarem disciplinas, aumentamos a possibilidade de se matricularem em outras disciplinas, eventualmente em outros cursos que estivessem fazendo. E para aqueles que tinham menos recursos, a universidade disponibilizou mais de 1500 equipamentos para que essas pessoas tivessem acesso. Não só equipamentos, mas disponibilizou um suporte financeiro para que elas contratassem serviços de internet. Em segundo lugar, acho que tomar as decisões coletivamente também nos dá segurança à medida que, em uma decisão tomada coletivamente, o importante não é só o resultado dessa decisão, foram os consensos que foram construídos ao longo da discussão que levaram a ela. 

    Toda esfera política de debate tem espaço de profundo aprendizado, porque o rito, o protocolo de fazer essa discussão permite que as pessoas se ouçam. Todos nós temos a oportunidade de ouvir e aprender, além de sabermos que, daquela instância, quando bem respeitada e ouvida, um encaminhamento vai ser dado. Agora, se por um lado eu pude destacar dois aspectos que nos dão segurança, vale falar sobre as inseguranças, e as inseguranças me tocaram pessoalmente, porque a pandemia é universal. 

    Eu sofri a aflição de não saber se eu também seria contaminado, a primeira vez que tive que ir à UFSC foi muito impactante […] porque a universidade não tem toda a estrutura que se imagina que ela tenha. Então, os gestores que estavam nos prédios metendo a mão na massa, foi com essas pessoas que eu me encontrei. Se, por um lado, eu fiquei muito inseguro em saber se ia dar conta, por outro lado, foi muito bonito ver a universidade criando outra relação, construindo uma outra aliança, se reconhecendo diferente, se reconhecendo de uma forma mais horizontal.

    Você consegue notar, para além da rotina de trabalho, mas do ponto de vista do ambiente de gestão, o que a novidade da vacina está impactando ou pode impactar? Consegue vislumbrar o impacto disso para a gestão que vem pela frente? Poderíamos falar em uma transição ou é muito cedo?

    Retomar as atividades presenciais exigirá muito mais planejamento e trabalho do que foi exigido para interrompê-las. A UFSC é uma comunidade de mais de 50 mil pessoas. Por exemplo, para a retomada de um semestre de ensino presencial ou intercalado, que é muito inviável, seria necessário estabelecer um vínculo de moradia, gestão de vida de cada uma dessas pessoas, entre os milhares de trabalhadores da universidade.

    Evidente que nós preservamos os contratos de portaria, de vigilância, de limpeza, jardinagem, a UFSC permanece funcional, ela permitiria o retorno, mas ele não acontece tão facilmente assim. É preciso anunciar para essa comunidade com antecedência, pensando que os nossos calendários acadêmicos em regime semestral são muito fragmentados e curtos, anunciar algo assim no meio do semestre seria um desastre, sob meu ponto de vista.

    De forma geral, qual a análise que você faz deste primeiro semestre de 2021 em termos da gestão e seus desafios?

    A UFSC nunca parou, e isso é algo do qual devemos nos orgulhar muito. Alguns levantamentos preliminares realizados pela Pró-Reitoria de Graduação dão conta de registrar até mesmo um aumento no número de matrículas. No entanto, os efeitos mais abrangentes, não só da pandemia, mas também da crise econômica que afeta a universidade por meio de cortes orçamentários e a estudantes e futuros ingressantes, têm impactado na construção de projetos institucionais da UFSC e em projetos pessoais de seus estudantes. Afinal de contas, oferecer ensino de qualidade, público e gratuito, que integre atividades de ensino, pesquisa e extensão, exige investimento objetivo por meio de recursos financeiros e de um trabalho árduo de gestão e administração da UFSC. Do mesmo modo, é preciso um horizonte mais promissor na política nacional, que garanta aos estudantes as condições objetivas que lhes permitam desejar ingressar, poder permanecer e conseguir concluir um curso superior.

    *Esta entrevista foi realizada em formato online, em janeiro de 2021 e atualizada em julho de 2021.


  • Carta do Diretor

    Publicado em 27/08/2021 às 19:00

    Sejam bem-vindos e bem-vindas ao Projeto Prosa.

    Carinho e responsabilidade são os pilares daquilo que sou capaz de perceber ao ter o privilégio de percorrer Prosa ainda na versão preliminar de suas páginas e vídeos. A honestidade, o entusiasmo, a percepção crítica e o trabalho coletivo se combinam em cada uma das seções de Prosa, amalgamados por uma expressiva preocupação de seus editores com o(s) Outro(s), com o que há fora de si. Há, portanto, justa convergência com aquilo que nos ensina Massaud Moisés (2004)[1] na definição de prosa enquanto termo literário:

     […] a prosa deve ser entendida como a expressão do “não-eu” ou do objeto. O sujeito (o “eu” do prosador) dobra-se para fora de si, a buscar os núcleos de interesse na realidade exterior: importando-lhe os outros “eus” e a realidade do mundo físico e social. Evidentemente, a perspectiva continua sendo do “eu”, mas agora o objeto situa-se fora, o espetáculo desenrola-se com os seres que povoam o ambiente circundante: ao contrário da poesia, os “outros” é que desempenham a função de personagens. De onde o caráter histórico, ou temporal, descritivo, narrativo, dramático, da prosa.

    É notável em Prosa a combinação entre a proposta de abertura para o “além muro” da universidade — em suas variadas composições da realidade social e natural, bem como de suas formas de conexões (presencial, corporal, tecnológica e digital) — e a preservação da promoção coletiva desse enredo comum que a mesma universidade propicia por meio de suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração.

    Em todas e em cada uma das seções de Prosa há um olhar arguto de cada um de seus editores que resguarda a oportunidade de “respiro” ao visitante, que terá oportunidade de chegar, de ouvir, de ler, de assistir e de pensar; inspirar com o intelecto no intervalo de cada editoria (perfil, entrevista, políticas públicas, ciência, história, dicas, internet etc.) e expirar ideias a comporem o elenco infinito de questões e informações que se colocam no tempo presente.

    Em forma e conteúdo essa Prosa é lírica! Ouçamo-nos!

    Prof. Dr. Antônio Alberto Brunetta – Diretor do Centro de Ciências da Educação da UFSC

     

     

    [1] MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 372.


  • Editorial – (RE)PENSAR, (RE)FAZER, (RE)INVENTAR

    Publicado em 27/08/2021 às 18:30

    Equilíbrio. Eis uma palavra simples da língua portuguesa, cujo significado todos nós conhecemos na prática, aplicado não apenas aos vários âmbitos da nossa vida cotidiana, mas também ao universo científico: já ouvimos falar em equilíbrio químico, térmico, ambiental, ecológico etc. Muito embora o conceito relacionado ao uso ordinário dessa palavra  seja simples e de fácil compreensão, o equilíbrio é o resultado complexo e transitório de forças concorrentes em iminência constantemente do triunfo de uma sobre a outra. E, às vezes, esse triunfo acontece. Se este texto é iniciado por uma reflexão de base semântica é porque a linguagem nos ajuda não só a falar sobre o universo e seus fenômenos, como também a compreendê-los.

    Mas o que isso tem a ver com pandemia, educação e tecnologia?

    Primeiramente, o conceito — e aqui a linguagem vem ao nosso encontro mais uma vez. Em março de 2020, experimentamos a ausência do equilíbrio, quando um microorganismo modificou a vida humana em escala global. Esse desequilíbrio primeiro, por sua vez, trouxe outros em cascata: superlotação dos sistemas de saúde, escassez ou falta de suprimentos, dificuldades de mobilidade, desafios aos sistemas educacionais. Então, outra palavra passou a ocupar um lugar de destaque: o “como”. Passamos a nos questionar sobre como superar a pandemia de COVID-19, como retomar as atividades econômicas, como recomeçar as aulas. Embora o ser humano não tenha inventado a linguagem, dado que ela é parte da sua natureza, por outro lado, quando desafiado, é capaz de enfrentar problemas e propor soluções, criar e recriar, fazer e refazer, inventar e reinventar, para, finalmente, reencontrar o equilíbrio. E assim o fez.

    Há uma pandemia em curso, causada por um  vírus? Desenvolvamos uma vacina. Não há máscaras suficientes disponíveis? Costuremos nossas próprias máscaras. As atividades escolares precisam prosseguir? Usemos as tecnologias disponíveis e adaptemos as metodologias.

    Sim, a Revista Prosa, em seu primeiro número, trata da pandemia. Mas não só. Ela é um pequeno conjunto de reflexões acerca desse “como”, tantas vezes enunciado, silenciosa ou sonoramente, e um singelo retrato da busca pelo reequilíbrio. Tê-lo-emos encontrado? Talvez e parcialmente. Muito ainda há que se (re)pensar, (re)fazer e (re)inventar. Contudo, as experiências, os erros e os acertos podem nos mostrar as (im)possibilidades e nos ajudar a continuar desenhando caminhos para que os desafios que se apresentam possam ser superados.

    Profa. Dra. Cristiane Dall’ Cortivo Lebler
    Editoria da Revista Prosa


  • Uma pandemia e algumas mentes inquietas

    Publicado em 27/08/2021 às 17:40

    Era março de 2020. O mundo experimentava uma situação que, para muitos, estava restrita ao universo ficcional: a disseminação de um vírus, cujas consequências, ainda desconhecidas em sua totalidade, já mudavam, em escala global, as dinâmicas social, econômica e laboral em muitos aspectos. Com isso, atividades de vários setores sociais passaram a funcionar de forma remota, inclusive aquelas ligadas à educação. Um cenário de incertezas e possibilidades instalou-se e impulsionou universidades, gestores e pesquisadores a buscarem alternativas para possibilitar a retomada de atividades pedagógicas e administrativas nas diversas redes e em diferentes níveis de ensino, respeitando as normas sanitárias vigentes.

     

    Foi nesse contexto que surgiu o Projeto Prosa, no Laboratório de Novas Tecnologias (LANTEC) do Centro de Ciências da Educação (CED) (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC). Inicialmente motivados pela discussão sobre a necessidade de uma apropriação crítica das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) no âmbito da educação, pesquisadores e bolsistas ligados ao Laboratório conceberam este Projeto com o objetivo principal de desenvolver o estudo, o planejamento e a produção de conteúdos digitais autoformativos sobre TDIC e Educação. Essa finalidade principal é estabelecida visando, também, a uma articulação entre os eixos que constituem os vetores de atuação do Lantec – formação, pesquisa e avaliação, criação e desenvolvimento de materiais –, e buscando atingir profissionais da educação imersos nos desafios acentuados pela pandemia.

    Este Projeto nasce, pois, de um contexto pandêmico, mas não se restringe a ele. Isso se verifica à medida que os resultados do Prosa geraram não apenas conteúdos digitais, disponibilizados em plataformas de transmissão de áudio e vídeo, em site e redes sociais, mas também uma rede de pesquisa, colaboração e formação de pesquisadores interessados e envolvidos na temática da tecnologia e educação, sem uma necessária correlação com a pandemia ou com as atividades pedagógicas não presenciais.

    Embora a pandemia tenha trazido o contexto para o surgimento do Projeto, o interesse e a necessidade de se discutir os usos das tecnologias na educação são os principais motivos para que o Prosa tenha perenidade, com engajamento de novos integrantes e permanência dos membros atuais.

    Um pouco de Prosa

    Além do Grupo de Pesquisa Prosa, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, também constituem ações do Projeto um canal de vídeo na plataforma Youtube, uma página na rede social Instagram, um canal no Spotify e uma revista de comunicação e divulgação científica, a Revista Prosa, que visa a integrar todas essas ações e seus respectivos produtos.

    Por que Prosa? A “prosa” se define como uma conversa aberta, informal, um “bate-papo”. No âmago da sua significação, portanto, encontramos a ideia de troca, de diálogo. É isso que buscamos: dialogar, trocar com todos os envolvidos nos processos educacionais. Nesse sentido, nosso conteúdo não é apenas produzido para, mas em colaboração com o público, nossos leitores, ouvintes, seguidores. Para que isso aconteça, convidamos todos a acompanharem nossas matérias, publicadas neste site; a seguirem nosso perfil em redes sociais e de compartilhamento de conteúdo; e também a contribuírem com sugestões de pautas e com o envio de críticas e sugestões pelo nosso canal de comunicação revistaprosa@contato.ufsc.br.

    Alguns agradecimentos e um desejo

    Uma das vocações do Lantec é a formação, a pesquisa e a produção de materiais por meio de trabalho coletivo. Este Projeto, assim, é resultado de uma construção coletiva de/entre várias pessoas, a quem não podemos deixar de agradecer: à Direção do Centro de Ciências da Educação da UFSC, especialmente ao Prof. Dr. Antônio Alberto Brunetta; aos bolsistas de graduação e de pós-graduação que atuaram na concepção, construção e realização do Prosa (vide seção “Bastidores” da Revista Prosa); e ao Ministério da Educação, pelo apoio financeiro que viabilizou a execução do Projeto.

    Esperamos que, contrariamente ao período pandêmico, o Prosa tenha vida longa e possa inspirar(-se) (em) práticas e reflexões sobre os usos das TDIC na educação.

    Cristiane Dall’ Cortivo Lebler
    Elizandro Maurício Brick
    Marcelo Gules Borges
    Coordenadores do projeto